Inadimplência no Brasil: Cenário Econômico e o Papel da IA em 2026

Moveo AI Team
December 29, 2025
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📊 Reports
A leitura dos indicadores de inadimplência ao final de 2025 conta uma história de dois hemisférios distintos. Enquanto a atividade econômica demonstra resiliência em setores específicos, o balanço patrimonial das famílias enfrenta uma pressão estrutural que ditará o ritmo do consumo e do crédito em 2026.
Estamos diante de um fenômeno em que a liquidez das famílias foi drenada por um custo de capital elevado.
Para as instituições financeiras, o planejamento estratégico para os próximos anos exige uma mudança de perspectiva: a inadimplência não é mais um desvio cíclico, mas o reflexo de um novo arranjo orçamentário doméstico. A disputa pelo share of wallet nos próximos anos será tecnicamente mais complexa, exigindo precisão na recuperação de ativos para evitar o agravamento das carteiras.
Conforme levantamento da CNC reportado pela IstoÉ Dinheiro, o endividamento atinge quase 80% dos lares brasileiros. O cenário agravou-se em outubro de 2025, quando a inadimplência chegou a 30,5%, consolidando nove meses consecutivos de escalada nos indicadores de atraso.
Por que isso está acontecendo agora, mesmo com o desemprego controlado? A resposta está na composição da dívida e no custo do serviço dessa dívida.
Segundo estatísticas do Banco Central do Brasil, o comprometimento da renda das famílias atingiu a máxima histórica de 28,8%. Isso significa que quase um terço do que a família média ganha já está comprometido antes mesmo de cobrir despesas básicas de subsistência.
O custo do crédito livre para pessoas físicas saltou para patamares próximos a 58,7% ao ano, puxado pelas modalidades mais utilizadas na base da pirâmide: o cartão de crédito rotativo e o cheque especial.

Com o orçamento comprimido e juros de três dígitos no rotativo, o consumidor perdeu a capacidade de manobra. A inadimplência, neste cenário, deixa de ser um comportamento de risco e torna-se uma consequência matemática da insuficiência de renda.
Para o credor, isso sinaliza que a recuperação de ativos não dependerá mais de lembrar o cliente de pagar, mas de engenharia financeira para readequar a dívida à realidade de fluxo de caixa daquele indivíduo.
Por que a média nacional engana
Um erro estratégico comum em grandes instituições é basear políticas de crédito e risco na média nacional. O Brasil, entre 2017 e 2024, apresentou dinâmicas de inadimplência radicalmente opostas dependendo da geografia, como aponta o estudo aprofundado do FGV IBRE.
Temos alguns cenários econômicos operando simultaneamente:
A crise do agronegócio no Centro-Oeste: Historicamente a região mais adimplente, o Centro-Oeste sofreu a reversão mais brutal. Choques climáticos e queda nos preços das commodities elevaram a correlação entre endividamento e incapacidade de pagamento para 0,96. Aqui, a inadimplência não é fruto do desemprego, mas da quebra de safra.
A informalidade no Norte: Com 36,5% das famílias com contas em atraso, o problema é estrutural. A predominância de "carnês" e a renda informal volátil tornam os modelos de credit score tradicionais pouco efetivos.
A recuperação do Sul: Na contramão, o Sul reduziu a inadimplência para 23,6%, apoiado por um mercado de trabalho formal robusto e uso de crédito consignado.
Impacto no Negócio: Uma instituição que aplique a mesma política de renegociação em Goiás (onde o problema é a sazonalidade da safra) e em São Paulo (onde o problema é o rotativo do cartão) terá ineficiência em ambas as pontas. A complexidade do cenário exige uma granularidade na análise de risco que a operação manual não consegue mais entregar.
A evolução tecnológica como resposta à complexidade econômica
Diante de um cenário onde o consumidor está tecnicamente insolvente (devido aos juros) e a realidade varia por região, as abordagens tradicionais de recuperação, baseadas em call centers massivos e réguas de cobrança lineares, tornaram-se obsoletas e onerosas. O Custo de Aquisição de Recuperação (o custo para recuperar R$ 1,00) subiu, prejudicando as margens de muitas empresas.
É neste ponto que a tecnologia se torna uma infraestrutura crítica necessária para lidar com o volume e a complexidade dos dados projetados para os próximos anos.
1. De Preditivo para Agêntico (Agentic AI)
O mercado financeiro passou a última década investindo em IA para prever quem não pagaria. Para os próximos anos, a necessidade é de ação. A McKinsey define o futuro do crédito corporativo e da recuperação como "Agêntico".
No contexto brasileiro que mencionamos anteriormente, os agentes de IA, por exemplo, teriam a capacidade de cruzar a previsão de safra de um devedor (exemplo Centro-Oeste) com as políticas de crédito do banco, negociando reestruturações de dívida de forma autônoma e em escala.
2. Eficiência Operacional e Precisão
A automação no setor de cobrança é o principal vetor para redução de custos operacionais. Em um ambiente de margens apertadas, a capacidade da IA de tratar milhares de negociações simultâneas, sem variação de humor ou cansaço, garante a sustentabilidade da operação.
Além disso, com o mercado global de IA em finanças crescendo aceleradamente, a tecnologia permitirá hiper-personalização em tempo real, transformando o momento da cobrança em uma etapa de retenção do cliente, e não apenas de atrito.
3. Compliance e Segurança Jurídica
À medida que a regulação avança, a tecnologia atuará como garantidora da conformidade nos próximos anos. Soluções avançadas já são utilizadas para recuperar ativos com total aderência às normas, evitando riscos de assédio ou erros de cálculo que geram passivos jurídicos. Fintechs inovadoras já utilizam essa precisão para diferenciar cobrança de consultoria financeira.
→ Report: Por que 94% dos bancos vão falhar na implementação de IA Agêntica até 2026
O cenário exige mudança operacional (e tecnológica) agora
O cenário de inadimplência do Brasil em 2025 é um reflexo de distorções macroeconômicas profundas: juros altos, renda comprometida e choques regionais. Esperar que o consumidor recupere sua capacidade de pagamento sem intervenção ativa e personalizada é uma aposta arriscada.
A adoção da IA Agêntica permite transformar a cobrança em um processo de reabilitação financeira personalizada. As instituições que dominarem essa transição, convertendo devedores momentâneos em clientes ativos no longo prazo, serão capazes de blindar seus balanços contra a volatilidade estrutural do mercado brasileiro.
Na Moveo.AI, não apenas acompanhamos essa transição para a era Agêntica, nós a lideramos. Nossos agentes de IA já estão operando com a granularidade e a conformidade necessárias para navegar a complexidade do cenário brasileiro.
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